Tuesday, February 21, 2006

Musicando a fabula

Primeiro a Fabula
Certa vez, um escorpião aproximou-se de um sapo que estava na beira de um rio. "Sapo, você poderia me carregar até a outra margem deste rio tão largo?" e o sapo respondeu:

- Nao! Vc vai me picar eu vou morrer.
- Veja bem me sapo, Se eu te picar tambem morrerei afogado, pois nao sei nadar.
Confiando na lógica do escorpião, o sapo concordou e levou o escorpião nas costas, enquanto nadava para atravessar o rio. No meio do rio, o escorpião cravou seu ferrão no sapo. Atingido pelo veneno, e já começando a afundar, o sapo voltou-se para o escorpião e perguntou:

- Por quê? Por quê? Por que meu Deus???? (sapo dramatico)
E o escorpião respondeu: Nao posso ir contra a minha natureza

Musicando...
Certa vez, um escorpião, que tradicionalmente ouvia choro de improvisos jazzisticos, um lance Pixinguinha e Altamiro carrilho em minis de 48 rotacoes, mas que ultimamente vinha revisitando o “Samba jazz” de Stan Getz caminho que, acreditava, Cazuza acabaria fatalmente se enveredando, aproximou-se de um sapo que estava na beira de um rio, ouvindo o terceiro e ultimo album dos Strokes, First Impressions of the Earth e diga-se de passagem, nao gostando nem um pouco.
"Sapo, você que meteu o pau no Yamandu Costa, caracterizando o “virtuso ataque flamenco” como “punicao ao instrumento e aos ouvidos” e que chamou bandas politicamente engajadas como U2 e, mas recentemete Green day, de “faz-me-rir da decada” poderia me carregar até a outra margem deste rio tão largo?"
e o sapo, que agora procurava na mochila o ultimo do Chico, que reconhecia ser influente, mas nao tanto quanto o tio Aurelio, respondeu:

- Nao! Vc vai me picar eu morrerei
- Veja bem sapo, Se eu te picar tambem morrerei afogado, pois nao sei nadar
Confiando na lógica do escorpião, o sapo, que preferia Don Mclean a James Taylor, Patches a Marvin, Ella a Elis e achava que o ultimo album dos Los Hermanos era bom, mas nada batia a profundidade de “Ana Julia”, concordou e levou o escorpião nas costas, enquanto nadava para atravessar o rio e escutava Blitz, com Lobao na bateria e Fernanda Abreu de backing (de onde achava que ela nunca deveria te saido..). No meio do rio, enquanto o sapo concluia que ColdPlay era mais uma descricao que um nome, que Nirvana tinha zero influencia de Velvet Underground e que Ringo star era o maior “free rider” da historia da musica, o escorpião alucinado pelo drum & bass de Spiralhead....cravou seu ferrão no sapo. Atingido pelo veneno, e já começando a afundar, o sapo interrempeu o solo do Freak Out (Frank Zappa 1966), e ja visualizando o rei (Elvis, nao o Roberto) voltou-se para o escorpião e perguntou:

- Por quê? Por quê? Por que meu Deus???? (sapo dramatico) E o escorpião respondeu:
- Foi a musica, eu acho...ou..Nao posso ir contra a minha natureza.

5 Comments:

Blogger Liginha said...

O melhor texto que li nos últimos anos! Estou impressionada. Pasma. Certa vez comentei com vc sobre minha mania de reler textos que aprecio. Este, certamente entrou pra minha lista: uma mistura de um humor fantástico com conhecimento musical, e um quê de sensibilidade.
Parabéns!

3:10 PM  
Anonymous Anonymous said...

Hahahahaha
Muito bom!!!!
Escreve um pro blog?
Vou te colocar como convidado especial!!!!

3:57 AM  
Blogger A. Lisboa said...

Razzle dazzle Jazz!!

3:30 PM  
Blogger Giacomo said...

Puxa, obrigado pelos elogios. Certeza que vc fizerem vista grossa para todos os erros de portugues..

Obrigado

12:23 PM  
Blogger A. Lisboa said...

A língua é dinâmica, não suportaria prender-se a regras sem perder seu encanto. Não há erros, portanto.

1:56 PM  

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